quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

WEBSÉRIES BRASILEIRAS EM EVIDÊNCIA!!!

Do drama à ficção científica, oito webséries para ver no computador
Com qualidade de imagem e roteiro em evolução, as produções nacionais feitas para a internet se multiplicam e despertam interesse do público e dos canais de televisão.
Cena da websérie nacional "3%", ficção científica sobre um futuro sombrio dividido entre pobres e ricos
Episódios curtos, edição ágil e temas que vão dos dramas adolescentes à ficção. Estas são algumas características das webséries nacionais, formato que vem crescendo e conquistando um público cada vez maior. Com variedade de gêneros e boa qualidade de produção, o segmento tem atraído a atenção de grandes emissoras de TV. Nos EUA, as webséries já se consolidaram e existe até uma premiação específica, com categorias nos moldes do Oscar, que elege os melhores do ano. É o Streamy Awards, que em 2012 chega a sua terceira edição. Será essa a saída para o mercado de áudio-visual brasileiro? Veja abaixo as oito produções nacionais mais comentadas. 

#E_VC?
Apontada como uma das melhores de 2011, a websérie dramática da 8KA Produções conta a história de um jovem casal de amigos que vivencia as crises e as dúvidas da adolescência, enquanto refletem sobre seus sentimentos confusos e agitados.

Armadilha
“Armadilha”, protagonizada pelo ator Rodolfo Valente – que em 2006 viveu o Pedrinho do Sítio do Pica-Pau Amarelo, na Rede Globo – é uma série de comédia adolescente. Tem diálogos bem escritos, edição rápida, boas atuações e episódios que duram, em média, seis minutos. “Tem que ser dinâmico porque na internet você compete com dezenas de distrações”, diz Fernanda Ceretta, diretora de som e roteirista da 8KA.



Lado Nix
A websérie Lado Nix tem efeitos especiais e muitas referências a games, HQs e filmes de ficção científica. A história é sobre Nix, uma garota que trabalha em uma loja de quadrinhos e sonha em publicar sua própria grafic novel. Produzida pela Mambo Jack e dirigida por Paulo Mavu, terá uma segunda temporada lançada em 2012.

3%
Dividido em três partes e com cara de grande produção, “3%” nasceu como piloto de série para a televisão e chamou a atenção de investidores e de emissoras da TV paga e aberta. A trama se passa em um futuro pessimista, um mundo dividido entre abastados e miseráveis. Quem nasce do lado miserável tem uma chance, ao completar 20 anos, de passar para o outro lado. Para isso, o candidato precisa se submeter a um processo seletivo estressante e desumano, que aprovará apenas 3% dos participantes.

Heróis. 
Série em cinco episódios sobre um grupo de soldados brasileiros na Segunda Guerra Mundial.

2012 – Onda Zero. 
Série de ficção científica em quatro episódios sobre o fim do mundo.


EUGÊNIO KUSNET

Eugênio Kusnet
"Ame a arte em você, mas não a você na arte". Constantin Stanislavski.



"É muito esclarecedora a explicação do companheiro de K. S. Stanislavski, Vladimir Nemiróvich-Dânchenko sobre o conceito 'Dualidade do ator'. A diferença entre as emoções na vida real e as emoções cênicas consiste no fato de que, quando na vida real, uma pessoa é vítima de uma grande desgraça, ela só sofre e chora, mas o ator em cena, quando mais sincera e profundamente vive a desgraça do personagem, tanto mais sente a alegria de sua criação. E essa alegria, de maneira alguma, diminui a intensidade e a paixão de sua desgraça". Eugênio Kusnet.

Eugênio Shamansky Kusnetsoff nasceu em 29 de dezembro de 1898, na cidade de Kherson, ao sul da Rússia, filho do oficial Nicolau Shamansky e de Olga Shamansky. “Quando pequenos, improvisamos nos corredores de casa a representação de dramas e óperas. Era esta inclusive uma forma de tomar dinheiro de mamãe... para irmos ao cinema, ficando ela, assim, livre de algazarra. Tínhamos entusiasmo tão grande pelo teatro que, certa vez, para assistir a um recital de Chaplin, meu irmão vendeu uma de suas calças. Na minha juventude estudei canto, depois veio a guerra, a revolução, e só em 1920 voltei a pensar em teatro”.

Aos 18 anos, interrompeu seus estudos na Escola Politécnica, para se alistar no exercito da Primeira Guerra Mundial e, logo depois, na Guerra Civil que derrubou o czarismo. Em 1920, depois da vitória dos bolcheviques, Kusnet retornou ao teatro trabalhando durante sete anos em teatro russo nas ex-províncias bálticas (Lituânia, Bielorrússia, Finlândia e principalmente na Letônia e na Estônia). Eugênio conta como foi sua estréia como ator num duelo de uma opereta. Mais tarde ingressou no drama, trabalhando antes numa série de comédias.

Kusnet lembrava-se especialmente do seu primeiro drama, uma peça monstruosa em cinco atos em que, segundo o pesquisador Jurandir Diniz Júnio, “ele (Kusnet) velava o corpo de sua mãe e, em seguida, metia uma bala no seu ouvido. Em desespero, na agonia do suicídio, recuou demais e bateu sem querer numa coluna de ‘mármore’, que despencou fazendo o mais chocho e desmoralizante som no assoalho. Apesar de tudo, prosseguiu com o suicídio e caiu no chão; mas caiu fora do lugar e verificou que o pesado pano de boca iria atingi-lo. Não teve dúvidas, levantou-se meio cambaleando e apesar de já ter morrido, ressuscitou e caiu morto outra vez”.

Kusnet trabalhava nos países bálticos para se profissionalizar que começava desaparecer progressivamente os teatros russos nesses países depois pós-revolução, ele começou a procurar uma solução para continuar sua carreira e através de correspondências de amigos residentes no Brasil, teve a idéia de estudar português com o intuito de aplicar-se ao trabalho teatral no Brasil.

Em 1927, após desembarcar na Baía de Guanabara, tentou sobreviver cantando em rádios e fazendo traduções. A quase ausência de teatro no Brasil obrigou-o a procurar emprego fora da sua área. Comprou um caminhão velho de um amigo e começou a trabalhar na construção da estrada de ferro Sorocabana. Mais tarde, foi comerciário e acabou ganhando dinheiro com uma pequena indústria de artefatos de plástico em São Paulo.

Continuou assim até que, em 1951, Ziebgniw Ziembinski convidou-o para integrar o elenco de “Paiol Velho” no Teatro Brasileiro de Comédia do empresário paulista Franco Zampari. Estava então com 53 anos. Eugênio, apaixonado pelo teatro, aceitou um salário quase sete vezes menor que o lucro que obtinha como pequeno empresário. Essa opção colocou-o rapidamente entre o ambiente jovem e revolucionário que começava a articular-se. Conviveu com grandes nomes como José Renato, Augusto Boal, Oduvaldo Viana Filho e Gianfrancesco Guarnieri.

Vale lembrar que na época em que Kusnet estava nos teatros de província da Rússia, sofreu uma forte influência de Stanislavski, embora não tivesse tido contato com o mestre, “sua preparação” foi no puro instinto, sem qualquer sistematização séria. Foi no Brasil que Eugênio leu as obras de Stanislavski e começou a desejar lecionar a artes dramáticas com base no Método.

Entrou no Grupo Oficina ficando dois anos e meio antes de se profissionalizar, dando aulas e atuando. Sua última montagem foi em 1967 com a peça “Pequenos Burgueses” onde ganhou o prêmio de melhor ator do I Festival Latino-Americano (Uruguai, 1964), Globo de Ouro em Porto Alegre (1964) e o prêmio Molière (1965).

 “Notei que se a gente ensina, também aprende com os alunos. Ao ensinarmos surgem idéias novas, discussões e proposições. Depois verifiquei que isso só ainda não era suficiente, e corria-se o risco de se transformar em ferro velho. Era necessário contato vivo com o palco. E voltei a trabalhar como ator”.

Eugênio trabalhou nas peças:
· “Seis Personagens à Procura de um Autor” de Luigi Pirandello no TBC (1951);
· “Convite ao Baile” de Jean Anouilh no Teatro Popular de Arte (1951);

Dirigiu e/ou atuou em:

· “Manequim” de Henrique Pongetti, no Teatro Popular de Arte (1952);
· “Canto da Cotovia” de Jean Anouilh, no Teatro Popular de Arte (1954);
· “Profundo Mar Azul” de Terence Rattingan, no TBC (1955);
· “Santa Marta Fabril S.A.” de Abílio Pereira de Almeida, no TBC (1955);
· “A Casa de Chá do Luar de Agosto” de John Patrick, no TBC (1956);
· “O Sedutor” de Diego Fabri, no TBC (1956);
· “Repouso no Telhado” de Valentin Kataiev, na produção da primeira turma de formandos do CID – Curso de Interpretação Dramática do Teatro de Arena (1956);
· “A Rainha e os Rebeldes” de Ugo Betti, no TBC (1957);
· “Interesses Criados” de Jacinto Benavente, no TBC (1957);
· “Eles não usam Black-Tie” de Gianfrancesco Guarnieri, no Teatro de Arena de SP (1958);
· “A Alma Boa de Setsuan” de Bertolt Brecht, no Teatro Popular de Arte (1958);
· “Desejo” de Eugene O’Neill, no Teatro Popular de Arte (1958);
· “A Sociedade em Pijama” de Henrique Pongetti, no Teatro Popular de Arte (1959);
· “Gimba” de Gianfrancesco Guarnieri, no Teatro Popular de Arte (1959);
· “A Engrenagem” de Jean-Paul Sartre, no Teatro Oficina (1960);
· “A Ópera dos Três Tostões” de Bertolt Brecht, na Escola de Arte Dramática da Bahia (1960);
· “A Vida Impressa em Dólar” de Clifford Odetts, no Teatro Oficina (1961);
· “Todo Anjo é Terrível” de Ketti Frings, no Teatro Oficina (1962);
· “A Visita da Velha Senhora” de Friedrich Durrenmatt, no Teatro Cacilda Becker (1962);
· “Os Pequenos Burgueses” de Máximo Gorki, no Teatro Oficina (1963);
· “Toda Donzela tem um pai que é uma Fera” de Gláucio Gil, no Teatro Oficina (1964);
· “Andorra” de Max Frisch, no Teatro Oficina (1964);
· “Um Caso em Irkutsk” de Alexei Arksov, no Studio Um do Teatro oficina (1965);
· “Os Inimigos” de Máximo Gorki, no Teatro Oficina (1966);
· “Marat/Sade” de Peter Weiss, no Teatro de Esquina (1967);
· “Meu Pobre Marat” ou “ Diário de Leningrado” de Alexei Arksov com produção de Eraldo Rizzo (1971).

Kusnet também fez participações em filmes como:

· “Sinhá Moça” do Cineasta Tom Payne, com a produção de Cia. Vera Cruz (1953);
· “Ana Terra” direção de Adolfo Celi, com a produção Cia. Vera Cruz (1953);
· “Uma Certa Lucrecia” do cineasta Fernando de Barros, com a produção de Serrador e Massaini (1957);
· “Casei-me com um Xavante” do cineasta Alfredo Palácios, produzido por Mário Marinho (1958);
· “Cara de Fogo” do cineasta Galileu Garcia, produzido pela Cinebrás e Cinematográfica São José dos Campos (1958);
· “Cidade Ameaçada” do cineasta Roberto Farias, produzido por José Antonio Orsini (1960);
· “Tristeza do Jeca” do cineasta Amâncio Mazzaropi, produzido pela PAM filmes (1961);
· “O Homem que Comprou o Mundo” do cineasta Eduardo Coutinho, produzido pela Mapa/Colúmbia (1968)
· “Gente que transa.... os Imorais” do cineasta Sílvio de Abreu, produzido pela Phoenix (1974).

Kusnet partiu para uma viagem de estudos pela Europa a fim de estudar métodos de ensino de teatro, com a intenção de abrir uma escola quando retornasse ao Brasil. Através da União Cultural Brasil-União Soviética, onde chegou a lecionar no curso de interpretação, foi convidado pelo Ministro da Cultura da URSS para observar aulas de duas importantes escolas de teatro, Escola-Estúdio do Teatro de Arte de Moscou e Escola Teatral de Stchukin do Teatro de Vakhtangov.

“Minha viagem à Europa, com permanência de três meses na URSS, teve por finalidade aprender mais, principalmente no campo do ensino da arte dramática, setor ao qual pretendo dedicar o máximo de meu tempo. Para poder ser útil aos que vêm me ouvir, preciso renovar sempre os meus conhecimentos. De minha parte creio que a melhor maneira de se contribuir para a melhoria qualitativa do nosso teatro é inculcar no espírito de todos os elementos da equipe teatral a necessidade de nunca deixarem de estudar. Com isso, estaremos combatendo o grande mal que ainda existe no nosso teatro: o diletantismo”.
Seus últimos quinze anos foram dedicados à formação de atores, lecionando na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, na Universidade Mackenzie, na Escola de Teatro da Fundação das Artes de São Caetano do Sul, no Teatro Oficina, no Teatro Arena, no Centro de Estudos Macunaíma e na Escola de Arte Dramática da ECA-USP. Ministrou cursos na Bahia e no Rio Grande do Sul.

Kusnet escreveu três livros, “Iniciação à Arte Dramática” (1968), “Introdução ao Método da Ação Inconsciente” (1971) e “Ator e Método” (1976).

Eugênio Kusnet morreu em 1975. Um dos seus discípulos disse que antes de entrar na sala de cirurgia onde morreria, Kusnet teria dito que queria mais três anos de vida para duvidar de tudo que havia ensinado e estudado.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

SER ATOR NÃO É DECORAR TEXTO


Ser ator não é somente decorar um texto e dizê-lo. Isso qualquer pessoa é capaz de fazer.

Ser ator é se aprofundar em estudos, dedicar-se, atualizar-se.

Se tornar invisível aos olhos dos espectadores e ceder lugar ao personagem.

Para tudo isso é necessário estudo, preparação. Sem esse empenho você será apenas um decorador de textos e proclamador de palavras sem sentido.

Seguem duas dicas de livros. Assim como vocês, eu também estou estudando.
Boa Leitura.

O Ator Invisível – Yoshi Oida

Yoshi Oida – Ator, diretor e professor integrou desde 1968 a companhia teatral de Peter Brook, em Paris.

Nesse livro que é um manual prático da arte de atuar, Yoshi demonstra a amplitude e profundidade de suas experiências.

Mostra técnicas do Oriente e Ocidente, do tradicional e do experimental, do texto escrito e do improvisado, do cinema e do teatro, do corpo e da voz.

Cada parte técnica é exemplificada por pequenas e delicadas historias. É extraordinário o alcance de habilidades que o torna único e especialmente qualificado para falar sobre o oficio do ator.

“O ator jamais deve ser visto e sim a sua interpretação, e esta deve ser de supremo e estudado controle, para definir e expor em profundidade.”, diz Yoshi.

Como diz Peter Brook sobre o livro “Um Ator Invisível”: “Yoshi Oida mostra como os segredos e os mistérios da interpretação são inseparáveis de uma ciência precisa, concreta e detalhada, aprendida no calor da experiência. As lições vitais que ele nos passa são apresentadas de maneira tão luminosa e graciosa que as dificuldades, freqüentemente, tornam-se invisíveis.”

A Porta Aberta – Peter Brook

Usando de suas próprias experiências o diretor Peter Brook examina em três ensaios a questão “O que é Teatro?”

Abordando que Teatro não é como um acontecimento cultural, mas sim como um acontecimento de cultura.

Mesmo que em algumas civilizações, como o Ocidente, o Teatro seja considerado um divertimento, outras culturas o observam como algo muito íntimo.

Brook exibe, como diretor, como conseguir corresponder às necessidades emocionais dos espectadores.

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O ATOR NÃO É UM FINGIDOR

O Ator não é um fingidor. Mentiroso profissional??? Ah! Todos somos todos os dias.

Mentimos estar, ser ou não ser. Mentimos descaradamente e em silêncio. Isso não é bom ou ruim, certo ou errado. É - simplesmente - a maneira que cada um encontra de continuar a caminhada. Eu escolho o palco, outros suas mesas ou palanques. Alguns suas roupas e acessórios necessários, certos fingem um status quo. Quo Vadis? Retrum. Retrum.

O ator vive o céu e o inferno, como cada um de nós. Só o ator representa no palco? Por favor - A vida é um palco. Não me venham com essa de que "emprestamos" nossas emoções para fingirmos ser o que não somos. Somos ou não seríamos atores. Ator que "mente" uma emoção, que "finge" um sentimento deveria ser tomatizado (do substantivo "tomate" mesmo).

A arte de fingir é a arte de todos nós. Somos parceiros num grande globo de atores. Globo da morte ou vida. Escolho a vida e morro a cada personagem que digo "adeus". Morro um pouco hoje, com minha última paspalhada , terminada ontem num teatro com "H" .

Minha função é apontar a zona federal que somos todos. Jogar os dardos para o alto e se, e se, cair no meio do coração de um despreparado sentadinho na platéia, fecho o pano dizendo: "A vida imita a arte". Lugar comum pacas.

Ser comum é bacana. Adoro ser comum. Adoro imitar o que de alguma forma, sentimos todos. Sou um fingidor? No palco. No palco. Trapezista de terceiro sinal e palhaço que adora um aplauso. ( Levanta a mão aí quem não gosta! ) Curtain call. Fecha o pano rápido e vai chorar no camarim, como todo bom palhaço.